"Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde demais eu te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, lançava-me às belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu minha surdez. Brilhaste, e o esplendor de tua luz afugentou minha cegueira. Exalaste teu perfume, e respirando-o, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tú me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz." (Conf. X, 27,38)
"A beleza que, através da alma do artista, é transmitida às suas mãos, procede daquela Beleza que está acima de nossas almas, e pela qual a minha alma suspira noite e dia." (Conf. X, 34,53)
"Fizeste-me para ti, e inquieto está meu coração enquanto em ti nao repousar." (Conf. I,1,1)
"Aqueles que pretendem encontrar a alegria no exterior de si mesmos facilmente encontram o vazio, dissipando-se nas coisas visíveis e temporais, das quais o seu pensamento faminto lambe somente as aparências." (Conf. IX, 4,10)
"Perguntei à terra e esta me respondeu: "Não sou o teu Deus. E tudo o que nela existe me respondeu a mesma coisa.
Interroguei o mar, os abismos e os seres vivos, e eles me responderam: “Não somos teu Deus; busca-o acima de nós”.
Perguntei aos ventos que sopram, e todo o ar com seus habitantes me responderam : Não somos o teu Deus”.
Interroguei o céu, o sol, a lua e as estrelas: “Tambem não somos o Deus que procuras.”
Disse então à todos os seres que rodeiam meu corpo: “Já que não sois o meu Deus, dizei-me ao menos alguma coisa sobre ele.” E exclamaram em alta voz: “Ele nos criou.”
Para interrogá-los, eu os contemplava, e sua resposta era a sua beleza."
(Conf. X, 6,9)
"Todas as coisas falam aos que sabem ouvir."
(Conf. IX, 10,24)
"Com os olhos da alma, acima destes meus olhos e acima de minha própria inteligência, vi uma luz imutável. Quem conhece a verdade conhece essa luz, e quem a conhece conhece a eternidade... O amor a conhece." (Conf. VII, 10,16)
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
"O que sei de mim, eu o conheço graças à tua luz,
mas o que de mim ignoro,
ignorarei,
até que minhas trevas se transformem em meio-dia diante de tua face." (Conf. X, 5,7)
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
"Mas, que amo eu, quando te amo? Não amo a beleza do corpo, nem o esplendor fugaz, nem a claridade da luz, tão cara aos meus olhos, nem as doces melodias das mais diversas canções, nem o suave odor das flores, dos óleos e dos aromas, nem o maná, nem o mel, nem os membros tão suscetíveis às carícias carnais. Nada disto amo quando amo o meu Deus. E,contudo, amo a luz, a voz, o odor, o alimento, o abraço do homem interior que habita em mim, onde para minha alma brilha uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não destroi, onde exalam perfumes que o vento não dissipa, onde se saboreiam iguarias que o apetite não diminui, onde se estabelece um contato que a sociedade não desfaz. Eis o que amo quando amo o meu Deus." (Conf. X, 6,8)